A Polícia Civil do Piauí cumpriu, na tarde de terça-feira (4), pelo menos dez mandados de busca e apreensão em Teresina e em outros municípios do Estado, durante a Operação Carbono Oculto 86, que apura a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. Entre os alvos estão empresários locais, suas esposas e um ex-vereador de Teresina.

De acordo com as investigações, os empresários, sócios de duas redes de postos de combustíveis, seriam responsáveis por movimentações financeiras ligadas a um esquema nacional de lavagem de dinheiro, fraude e ocultação de patrimônio. Durante as diligências, quatro veículos e diversos documentos foram apreendidos e encaminhados à sede da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), onde passam por análise no Laboratório de Lavagem de Dinheiro.
As ações no Piauí são um desdobramento da operação nacional deflagrada em agosto de 2025, que envolveu forças policiais em oito estados. O cruzamento de dados indicou que o grupo criminoso utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para movimentar recursos ilícitos por meio do setor de combustíveis, com uma movimentação superior a R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.

Na manhã desta quarta-feira (5), a operação teve continuidade com a interdição de 49 postos de combustíveis em 11 municípios piauienses, entre eles Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira.
O Instituto de Metrologia do Piauí (IMEPI) também participa da ação, investigando possíveis fraudes em bombas de combustíveis. Há denúncias de que consumidores estariam pagando por quantidades de combustível superiores à capacidade real dos tanques de seus veículos. O IMEPI e a Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária (Deccoterc) apuram suspeitas de adulteração e manipulação nos sistemas de medição.
As medidas cautelares também atingem postos de combustíveis em quatro cidades do Maranhão — Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras —, além de São Miguel do Tocantins, no Tocantins.

Segundo a SSP-PI, as ações no Piauí foram antecipadas após movimentações suspeitas detectadas por setores de inteligência, o que levou ao cumprimento imediato das ordens judiciais. Todo o material apreendido foi catalogado sob a coordenação do delegado Francírio Queiroz, responsável pela parte cartorária da operação.
Até o momento, não houve prisões, mas os investigadores afirmam que há fortes indícios de ligação entre os empresários piauienses e o esquema nacional desarticulado pela Operação Carbono Oculto.
A operação é coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí, com apoio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de laboratórios de inteligência financeira.
Informações: Cidadeverde.com
