Onze municípios piauienses registraram níveis de umidade semelhantes aos do deserto nesta quarta-feira (4), segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As cidades de Gilbués e Santa Filomena chegaram a registrar 8%, por volta das 17h.
No deserto do Saara, por exemplo, a umidade do ar varia de 15% e 5%. A climatologista Sara Cardoso explicou que a falta de chuva e a alta temperatura faz com que a umidade, literalmente, evapore, chegando a níveis desérticos.
“Na literatura, umidade de deserto fica entre 15 e 5%, porém, é importante ressaltar que a gente tem que levar em consideração outros elementos para descrever se aquilo é de deserto, mas de fato é o que estamos vivenciando. No Piauí, nós estamos no ápice da nossa estação de estiagem, que é aquela estação que não se observa a precipitação. Como não tem chuva, e é um período que pouco se vê nuvens, a gente observa umidades próximas a deserto”, explicou.
Cardoso disse ainda que a tendência, com o aumento da temperatura devido ao B R O – bró, é a umidade registrar índices cada vez piores.
“Nós estamos no período que chamamos culturalmente de B R O – bró, que são os meses que se apresentam com altas temperaturas. Estamos com previsões que apresentam que essas temperaturas ficarão acima das médias, e a culpa são das mudanças climáticas, a retirada de vegetação, o aumento dos centros urbanos, o aumento das queimadas, incêndios florestais que emitem muitos gases poluentes e esses gases impedem a saída dessa energia para fora do nosso planeta, então o calor fica retido perto da superfície, então todos esses outros fatores vem corroborando para que cada ano que passa as temperaturas venham se apresentando de maneira mais elevada no estado de Piauí”.
Confira as cidades com menor índice de umidade do ar nesta quarta (4)
Gilbués – 8%
Santa Filomena – 8%
Corrente – 9%
Alvorada do Gurgueia – 10%
Oeiras – 12%
Uruçuí – 12%
São João do Piauí – 13%
Canto do Buriti – 13%
Picos – 14%
Castelo do Piauí – 14%
Campo Maior – 18%
Teresina – 21%
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano situa-se entre 40% e 70%. Quando essa taxa cai para 30%, já se configura uma situação de alerta, com prejuízos evidentes para a saúde.
O tempo seco pode levar a problemas respiratórios, cansaço, dor de cabeça, narinas e olhos ressecados. O desconforto é ainda maior para pessoas que já têm doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, que ficam propensas ao agravamento dos quadros.
Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa que temos para as vias aéreas é o muco. Com o ar seco, esse muco também seca e isso piora a obstrução.
Dicas para enfrentar o tempo seco
- Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa.
- Se puder, tenha um umidificador de ar em casa. Você também pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído.
- Hidrate bem as mucosas com soro fisiológico – pelo menos duas vezes ao dia.
- Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial.
- Cuidado com bebidas alcoólicas. Elas podem refrescar, mas também desidratam.
- Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira.
- Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h.
- Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.